Testes com ônibus elétricos ajudam Salvador a avançar na mobilidade limpa

Dois modelos de ônibus totalmente elétricos que estavam em circulação no transporte convencional de Salvador e no BRT desde o dia 19 de maio transportaram 20 mil passageiros até esta quinta-feira (26), dia em que se encerrou a operação experimental que está ajudando a Prefeitura a avaliar o desempenho da tecnologia na cidade.

O objetivo da gestão municipal é que o estudo técnico possa embasar uma operação de crédito com o Banco Mundial, no valor de US$70 milhões, para viabilizar a compra de cerca de 100 ônibus elétricos para a capital baiana.

Foram utilizados durante o período de teste os modelos Higer e Ankai. O primeiro, com 18 metros de comprimento, tem a capacidade de transportar 130 passageiros; já o segundo, com 12 metros de comprimento, comporta até 70 usuários. Os dois fizeram parte de diferentes linhas da cidade e vão ajudar a gestão municipal a analisar dados como aceitação do público, autonomia e consumo.

O encerramento da fase de testes contou com as presenças dos titulares da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), Pablo Souza, e da Casa Civil, Luiz Carreira, além do CEO da Tevx, Cadu Souza, empresa responsável por trazer o modelo da Higer para Salvador. Todos embarcaram em uma viagem que partiu da Estação BRT Hiper.

“Esse período é muito importante para avaliarmos indicadores de consumo, realizarmos testes viários em todo o percurso por onde os ônibus circulam, e também para capacitarmos os motoristas que operam no sistema do BRT de Salvador. Esses condutores estão dirigindo os veículos em teste, acompanhados por representantes das empresas fabricantes”, explicou o secretário da Semob.

Impacto ambiental

O gestor lembrou ainda que o setor de transporte é um dos maiores emissores de gases poluentes e que a implantação dos ônibus elétricos na cidade ajudará a reduzir os efeitos do aquecimento global. A capital baiana possui oito ônibus elétricos em operação no BRT, possuindo o maior eletroterminal público do Norte e Nordeste.

“Por isso, temos a responsabilidade de promover ações efetivas para reduzir essas emissões. A mobilidade elétrica se soma a outras iniciativas sustentáveis que estamos implementando, como a ampliação da malha cicloviária e a introdução de veículos com tecnologia Euro 6, que têm emissão de poluentes significativamente menor do que os ônibus a diesel”, completou.

O modelo da Higer tem uma autonomia estimada de 270 km e realizou 164 viagens produtivas em 14 dias de operação na linha 1347 (Estação Pirajá x Pituba). O consumo médio registrado foi de 1,22 kWh por quilômetro rodado.

Já o modelo da Ankai operou durante 20 dias, com 133 viagens realizadas na linha 0137 (Lapa x Barra Avenida/Barra). A autonomia real foi de 258 km, com consumo médio de 0,83 kWh/km. A bateria do veículo tem capacidade de 338,4 kWh.

Tecnologia

Os dois veículos possuem recursos de acessibilidade, além de câmeras internas e externas que eliminam pontos cegos. Contam ainda com ar-condicionado ecológico, painéis digitais e portas USB.

O CEO da TVX diz que existem apenas três destes veículos da Higer na América Latina: as duas outras estão em operação em Cascavel, no Paraná.

“É um ônibus equipado com muita tecnologia. Ele é 100% piso baixo e conta com rampas de acesso para pessoas com deficiência, além do sistema de ‘ajoelhamento’, que permite reduzir a altura do veículo em relação à calçada para facilitar o embarque. Para a gente da TVX, é muito positivo estar participando dessa iniciativa aqui em Salvador. A ideia é que esse seja o primeiro passo para que a cidade e a população possam usufruir desses benefícios”, comentou.

Raimundo Antônio de Souza é instrutor e supervisor do BRT. Com mais de 23 anos de experiência na área do transporte, ele mencionou alguns pontos positivos dos veículos elétricos.

“É um excelente veículo, silencioso, muito confortável, inclusive para o próprio motorista dirigir. O banco do motorista tem um diferencial: ele oferece suporte para a coluna, permitindo um posicionamento ergonômico ideal. Isso faz com que a gente não sinta desconforto. Eles possuem também câmeras frontais e laterais, além de um painel que permite ao motorista visualizar tanto a parte externa quanto a interna do veículo”, listou.

A estudante Mariana Palmeira, de 16 anos, começou a usar o BRT recentemente para trabalhar no bairro Pituba e elogiou os ônibus elétricos.

“Eu achei legal. Ainda estou me adaptando, aprendendo a pegar direitinho, porque tem cerca de um mês que comecei a usar [o sistema BRT], mas adorei os ônibus elétricos, são confortáveis e frescos”, declarou.